Todos
dizem que o perdão é um ideal belíssimo até o momento onde você não sai
perdendo, onde alguém não matou alguém que você ama, ou não cometeu um crime, onde
não prejudicou sua vida, ou simplesmente não feriu seu coração com palavras.
Mas Jesus
nos ensinou: "Perdoa as nossas
dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores." Não há a menor
dúvida de que exista outra maneira de obtermos o perdão. Está perfeitamente
claro que, se não perdoarmos, não seremos perdoados. Não existe outra
alternativa!
Sempre
será muito difícil perdoar quando alguém nos feriu profundamente, mas existem
duas coisas que podemos fazer para facilitar um pouco essa ordem. Quando vamos
estudar matemática, não começamos pelo cálculo integral, mas pela simples aritmética.
Da mesma maneira, se realmente queremos (e tudo depende desse verdadeiro desejo)
aprender a perdoar, o melhor talvez seja começar com algo mais fácil, do que uma pessoa que cometeu um assassinato de alguém que você amava
muito. Você pode começar por perdoar seu marido ou esposa, seus pais ou filhos,
amigos e colegas por tudo o que fizeram e disseram na semana passada. Isso já
vai lhe dar trabalho.
Em
segundo lugar, você deve tentar entender exatamente o que significa amar o
próximo como a si mesmo. Tenho de amá-lo como amo a mim mesmo. Bem, como é
exatamente esse amor a mim mesmo?
Pensando
bem muitas vezes não temos um grande afeto nem temos especial predileção por
nossa pessoa, e nem sempre gostamos da nossa própria companhia. Aparentemente,
portanto, "amar o próximo" não significa "ter grande simpatia
por ele" nem "considerá-lo um grande sujeito". Isso já deveria
ser evidente, pois não conseguimos gostar de alguém por esforço. Será que eu me
considero uma boa pessoa? Infelizmente, às vezes sim (e esses são, sem dúvida, os piores momentos), mas não é por esse motivo que amo a mim mesmo. Na
verdade, o que acontece é o inverso: não é por considerar-me agradável que amo
a mim mesmo; é meu amor próprio que faz com que eu me considere agradável. Então,
amar meus inimigos não é o mesmo que considerá-los boas pessoas. O que não
deixa de ser um grande alívio, pois muita gente imagina que perdoar os inimigos
significa concluir que eles, no fim das contas, não são tão maus assim, ao
passo que é evidente que são. Alguns mestres cristãos já diziam que devemos odiar as ações de um homem mau, mas
não odiar o próprio homem; ou, como eles diriam, odiar o pecado, mas não o
pecador.
Agora
você deve se perguntar: será que eu mesmo sou uma pessoa digna de ser amada? Ou
amo a mim mesmo simplesmente porque sou eu mesmo?!
Deus
quer que amemos a todas as criaturas, todos os "eus", da mesma forma
e pela mesma razão: no caso pessoal de cada um, já deu o resultado certo da
conta para nos ensinar como é que se soma. Devemos, a partir disso, aplicar a
regra a todas as outras pessoas. Talvez isso se torne mais fácil se lembrarmos
que é dessa forma que ele nos ama. Não pelas belas qualidades que julgamos
possuir, mas simplesmente porque cada um de nós é um "eu". Pois, na
realidade, não existe mais nada em nós que seja digno de amor.
"Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado. Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo." (Gálatas 6:1-2)
Post baseado no capítulo CONDUTA CRISTÃ - O PERDÃO do livro Cristianismo Puro e Simples de C.S. Lewis.