quarta-feira, 26 de março de 2014

AMARÁS A TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO!

Uma das virtudes menos popular expressa na regra cristã, ordenada pelo nosso Deus é "Amarás a teu próximo como a ti mesmo". Porque, na moral cristã, "amar o próximo" inclui "amar o inimigo", o que nos obriga então a perdoar nossos inimigos.

Todos dizem que o perdão é um ideal belíssimo até o momento onde você não sai perdendo, onde alguém não matou alguém que você ama, ou não cometeu um crime, onde não prejudicou sua vida, ou simplesmente não feriu seu coração com palavras.

Mas Jesus nos ensinou: "Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores." Não há a menor dúvida de que exista outra maneira de obtermos o perdão. Está perfeitamente claro que, se não perdoarmos, não seremos perdoados. Não existe outra alternativa!

Sempre será muito difícil perdoar quando alguém nos feriu profundamente, mas existem duas coisas que podemos fazer para facilitar um pouco essa ordem. Quando vamos estudar matemática, não começamos pelo cálculo integral, mas pela simples aritmética. Da mesma maneira, se realmente queremos (e tudo depende desse verdadeiro desejo) aprender a perdoar, o melhor talvez seja começar com algo mais fácil, do que uma pessoa que cometeu um assassinato de alguém que você amava muito. Você pode começar por perdoar seu marido ou esposa, seus pais ou filhos, amigos e colegas por tudo o que fizeram e disseram na semana passada. Isso já vai lhe dar trabalho.

Em segundo lugar, você deve tentar entender exatamente o que significa amar o próximo como a si mesmo. Tenho de amá-lo como amo a mim mesmo. Bem, como é exatamente esse amor a mim mesmo?

Pensando bem muitas vezes não temos um grande afeto nem temos especial predileção por nossa pessoa, e nem sempre gostamos da nossa própria companhia. Aparentemente, portanto, "amar o próximo" não significa "ter grande simpatia por ele" nem "considerá-lo um grande sujeito". Isso já deveria ser evidente, pois não conseguimos gostar de alguém por esforço. Será que eu me considero uma boa pessoa? Infelizmente, às vezes sim (e esses são, sem dúvida, os piores momentos), mas não é por esse motivo que amo a mim mesmo. Na verdade, o que acontece é o inverso: não é por considerar-me agradável que amo a mim mesmo; é meu amor próprio que faz com que eu me considere agradável. Então, amar meus inimigos não é o mesmo que considerá-los boas pessoas. O que não deixa de ser um grande alívio, pois muita gente imagina que perdoar os inimigos significa concluir que eles, no fim das contas, não são tão maus assim, ao passo que é evidente que são. Alguns mestres cristãos já diziam que devemos odiar as ações de um homem mau, mas não odiar o próprio homem; ou, como eles diriam, odiar o pecado, mas não o pecador.

Agora você deve se perguntar: será que eu mesmo sou uma pessoa digna de ser amada? Ou amo a mim mesmo simplesmente porque sou eu mesmo?!

Deus quer que amemos a todas as criaturas, todos os "eus", da mesma forma e pela mesma razão: no caso pessoal de cada um, já deu o resultado certo da conta para nos ensinar como é que se soma. Devemos, a partir disso, aplicar a regra a todas as outras pessoas. Talvez isso se torne mais fácil se lembrarmos que é dessa forma que ele nos ama. Não pelas belas qualidades que julgamos possuir, mas simplesmente porque cada um de nós é um "eu". Pois, na realidade, não existe mais nada em nós que seja digno de amor.

"Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado. Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo."  (Gálatas 6:1-2)


Post baseado no capítulo CONDUTA CRISTÃ - O PERDÃO do livro Cristianismo Puro e Simples de C.S. Lewis.